Em 2021, enquanto sentado nos bancos escolares do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em um curso de pós-graduação, ouvi o finado e querido Prof. Dr. José Edimar falar sobre a possibilidade da existência de dimensões além das três espaciais e uma temporal das quais estamos acostumados.
“Mas Mauricio, você vai misturar ciência e fé nesse artigo? Que audácia!”
Ouso dizer que desde os tempos dos filósofos antigos, a fé guia boa parte dos questionamentos que culminaram em grandes descobertas científicas. Mas não precisamos ir tão longe na história para encontrar citações sobre essa correlação:
“A ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega.”
Albert Einstein
“A gravidade explica os movimentos dos planetas, mas não pode explicar quem colocou os planetas em movimento. Deus governa todas as coisas e sabe tudo que é ou que pode ser feito.”
Isaac Newton
Além disso, assim como Newton, creio no Deus que colocou tudo em seu devido lugar no momento da criação. Uma mente tão inteligente que escreveu todas as equações que regem o universo e deixou pistas para que pudéssemos desvendá-las pouco a pouco.
Disclamer: esse NÃO é um artigo científico. Portanto, vou me abster de explicações profundas acerca das teorias tratadas aqui. De antemão, informo que a Relatividade e a Teoria das Cordas não possuem correlação científica. Ainda não foi possível chegar a uma “Teoria de Tudo” que una a mecânica quântica à Relatividade de Einstein.
Um dos aspectos centrais da Relatividade Restrita proposta por Albert Einstein, é a relação entre a velocidade e o tempo, especialmente à medida que um objeto se aproxima da velocidade da luz.
Nessa teoria, um dos principais postulados é que a velocidade da luz no vácuo é a mesma para todos os observadores. Ou seja, temos um limite de aproximadamente 3×108m/s para todo o universo.
Contudo, ao nos aproximarmos desse limite (o que ainda é impossível para um ser humano), alguns fenômenos seriam observados. Um desses fenômenos é a dilatação temporal.
Em um exemplo simples, a dilatação temporal poderia ser explicada da seguinte forma: se pudéssemos observar um relógio se movendo próximo à velocidade da luz, ele pareceria estar se movendo mais lentamente do que um relógio que está parado em relação a nós.
Ok, mas por quê eu preciso saber disso?
Simples! Nós vivemos em realidade quadrimensional, formada por três dimensões espaciais (altura-largura-comprimento) e uma temporal.
A Relatividade nos ajuda a combinar essas três dimensões espaciais com o tempo para criar um “tecido” que descreve o universo. Assim como o tecido de uma roupa, esse tecido do espaço-tempo pode esticar, dobrar e curvar-se sob o peso de objetos nele, como estrelas e planetas. Essa curvatura é o que experimentamos como gravidade.
Contudo, as equações de Maxwell, que descrevem como campos elétricos e magnéticos se propagam e interagem, preveem que as ondas eletromagnéticas (incluindo a luz visível) se movem a uma velocidade constante no vácuo. Lembre-se que a constância da velocidade da luz foi uma observação fundamental que levou Einstein a desenvolver a Relatividade Restrita. [2]
Se tiver curiosidade, essas são as equações de Maxwell. Essas equações são a base do eletromagnetismo clássico, teoria da luz, e tecnologias eletromagnéticas. Ou seja, toda base da tecnologia contemporânea está aqui.
Um pequeno gancho:
Lembro-me das aulas do Prof. Edimar, nas quais dizia: “Se fossemos traduzir ‘que haja luz’ (se referindo a Genesis 1.3) para a linguagem matemática, certamente seriam as equações de Maxwell”.
Ou seja, dizer que a existência do tempo e da luz estão atreladas é uma forma de expressar, mesmo que de maneira simplificada, algumas relações profundas que existem entre o tempo, a luz e a estrutura do espaço-tempo, conforme entendido pela física moderna. [2]
Sendo assim, vamos às escrituras, pois esse é um Blog Cristão!
Em Genesis 1.3, temos um dos marcos da criação:
“³ E disse Deus: Haja luz; e houve luz.”
Gênesis 1:3
Então, se admitirmos que Deus seja um ser existente “antes” da criação da luz, Ele estaria também em uma visão externa em relação a temporalidade. Ou seja, está fora do nosso “tecido” espaço-tempo.
Por mais mirabolante que pareça, a ideia de dimensões extras além das quatro conhecidas do espaço-tempo é uma área de investigação ativa na física teórica, particularmente no contexto da teoria das cordas e da teoria M. Essas teorias propõem a existência de dimensões adicionais para resolver problemas e discrepâncias nas teorias padrão da física de partículas e da gravitação. [2]
Existe uma teoria para nos ajudar a imaginar como seria essa representação: o Hipercubo, ou Tesserato. [2]
Pense em uma folha de papel, que tem duas dimensões: altura e largura. Se você dobrar essa folha para formar uma caixa, você adiciona uma terceira dimensão: profundidade. A caixa tem agora três dimensões e pode conter coisas dentro dela.
Um hipercubo é como se você pudesse dobrar essa caixa em uma direção adicional – que não é para cima, para baixo, para a esquerda, para a direita, para frente ou para trás – uma direção que não podemos ver ou experimentar porque vivemos em um mundo tridimensional. Mas se pudéssemos dobrar a caixa nessa quarta dimensão, teríamos um hipercubo. Embora não possamos vê-lo ou desenhá-lo perfeitamente, podemos imaginar um hipercubo como uma série de cubos conectados de uma maneira que cada face de um cubo estaria conectada a outra, formando uma estrutura que se estende além das três dimensões espaciais que entendemos.
Abaixo segue uma representação animada do que seria um hipercubo.
É difícil imaginar ou explicar como seria uma representação de uma visualização externa do Hipercubo. Teóricos dizem que o observador provavelmente veria um único cubo (ou seção 3D) cujas partes internas e estrutura parecem mudar dinamicamente [2]. Fazendo um paralelo com a nossa realidade, seria como olhar várias cenas ou momentos possíveis da nossa vida ao mesmo tempo.
Difícil mesmo é falar desse assunto sem remeter a essa cena do filme Interstelar (2014), na qual Cooper cai no interior de um buraco negro e é lançado por “eles” no Hipercubo:
Mas o que isso tem a ver com a vida cristã?
Depois de quase três anos refletindo e pensando sobre o assunto, ainda me maravilho e me emociono quando ligo todas essas coisas de novo em meus pensamentos.
O hipercubo, para mim, é um desenho, um esboço humano para representar em nossa realidade a onisciência de Deus. Ele tudo vê, Ele tudo sabe, pois Ele sabe de todas as possibilidades e todas as probabilidades.
Isso não tira de você o direito de fazer suas escolhas. Ele usa de artifícios, pessoas, situações, o Espírito Santo, a Bíblia para guiar nossos passos. A escolha acaba sendo nossa de seguir o caminho dEle ou não, mas Ele sempre está vendo e sabe onde vai dar cada possibilidade de escolha que decidimos tomar.
E refletir sobre isso também me faz pensar que ainda há chance. Enquanto houver um caminho dEle sinalizado, é possível voltar. Enquanto o “hipercubo” não se fechar, é possível voltar. Contudo, a escolha é de cada um.
Deus não escreve certo por linhas tortas. As linhas dEle são as mais perfeitas, e sua assinatura está em toda a natureza, onde está a ciência.
Deus é simplesmente maravilhoso.
Fontes:
[1] Asimov, Isaac. “Understanding Physics”. Dorset Press, 1988.
[2] Greene, Brian. “The Elegant Universe: Superstrings, Hidden Dimensions, and the Quest for the Ultimate Theory”. W. W. Norton & Company, 1999.
Em homenagem ao Prof. Dr. José Edimar Barbosa Oliveira